Encontros
É sempre importante lembrarmos que uma sessão de psicanálise é um encontro. Encontro do analisando COM ELE MESMO. Quanto menos forem as interferências, maiores serão as possibilidades desta arte se concretizar.
Arte? Sim.. Arte e criação… justamente porque não sabemos e nem temos como saber, o que surgirá. Embora a análise procure instaurar processos de redução dos sintomas, não podemos prever os reflexos que essa vivência trará. Podem ser inúmeras. E talvez, em determinados momentos, até acentuar o sintoma- resultado da resistência ao novo que se apresenta.
Certificados, “carteirinhas”, vinculações…. Nada disso vai para o setting. E se forem, só reforçam ainda mais um registro imaginário – do analisando em relação ao analista – que só cria comparações, rivalidade, e, por fim, a impossibilidade da relação, de fato, analítica.
Quanto mais neutro o analista – e toda a vivência que constitui o setting- maior a possibilidade da “tela em branco” se fazer, para que o analisando possa, de fato, e LIVREMENTE, projetar suas dores, seus traumas e seus desejos.
Mas então, o que faz o analista? O analisa escuta, pontua, questiona, provoca, DEVOLVE.
Aí está, novamente, a principal distinção da psicanálise para outras abordagens. Ao invés de uma relação de presença humana, de diálogo, trocas e apoio, análise preconiza o “sair de cena”. A redução ao máximo de toda e qualquer interferência que tire o foco do analisando, dele próprio.
Isso requer tempo. Requer manejo. Requer análise. Requer, antes de tudo, o encontro do analista, consigo mesmo.
Fabricio Tavares- Psicanalista
(41) 999201774
@fabriciotavarespsicanalista