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A psicanálise e o singular

A psicanálise escuta o singular. Para começar, afinal o que é singularidade?

Ser singular segundo o dicionário é:

“Exclusivo ou único de sua espécie; distinto: aparência singular.

Muito especial; pouco usual; raro, excepcional.

Cujas características são diferentes das demais; inusitado: ponto de vista singular.”

(Dicionário Online)

Ser singular é ter características únicas, algo particular que diferencia um sujeito do outro. Não importa se a situação é comum para várias pessoas, cada um terá o seu modo de ver, de sentir, de agir e de viver.

Mesmo no dito popular: ” acontece com todo mundo e ninguém morreu até hoje” existem diferenças de percepção e são nessas diferenças (e não só nelas) que a psicanálise atua. Entre escuta (psicanalista) e associação livre (analisando) revela-se a forma como o sujeito observa e sente o mundo.

São pelas palavras ditas (e não ditas) no setting, que a singularidade de cada um se apresenta.

É na experiência do viver, mesmo sem notar que as singularidades são construídas. Reflita:

Quantos muros você construiu ao redor da sua singularidade?

Cite para si mesmo algo de singular em você?

Está difícil? – Pense em fazer análise.

Ninguém conhece a singularidade do outro (nem o psicanalista). É preciso falar sobre ela.

Fazer análise é encontrar, tocar a singularidade ignorada. Pode ser extremamente doloroso descobrir que existem mais diferenças que unem os seres humanos que pontos de igualdade. (Criamos igualdades por necessidade de identificação).

É na análise que se descobre que “dói” ser singular, afinal acaba sendo você e você. Esse é um dos motivos pelos incômodos das sessões: observar-se pelo próprio olhar e não pelo do outro.

A singularidade é sobre o inesperado: nunca se consegue prever, limitar ou definir o que virá de novo em cada sessão. Cada sessão é única, cada indivíduo é único e ele se revela no contato com a dor e o amor, com a sua história.

A psicanálise é aberta à inúmeras possibilidades: revela o que é único de cada ser humano. Ela é sobre busca e encontro, despedidas e chegadas.

Se você procura um manual de conduta ou relaxamento para ajudar a entender o que sente, lamento desapontar, mas a psicanálise não é isso. A psicanálise escuta o novo, trabalha pela elaboração e reflexão respeitando o que é único, VOCÊ!

O trabalho da análise não é padronizar o sujeito, conter comportamentos, definir estratégias a seguir para um melhor estilo de vida. A psicanálise é a escuta do singular.

Você alguma vez se sentiu único, por ser quem é?

Carina Fernandes Camacho.
Instagram: @carina.camacho_psicanalista
WhatsApp: (15) 98583011

3 respostas

  1. Muito bom!
    E esse é mais um motivo pelo qual a psicanálise, diferentemente de outras áreas do saber, não será plena (se é que ainda será psicanálise!) se for institucionalizada: singularidade é antônimo de padrão!

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